O Silêncio de Deus...

miltonjs1
8 de set.
4 min de leitura

“Você já sentiu que Deus está em silêncio? Foi assim que comecei uma jornada que me levou ao sertão nordestino — e ao centro da minha fé.”

Nesses últimos meses, passei algum tempo buscando ouvir e observar a vontade e o agir de Deus sobre minha vida. Para cada movimento à minha volta, olhava com atenção e buscava respostas para o que eu achava que seria o silêncio de Deus.

Aos poucos, fui percebendo que Deus, na realidade, não estava em silêncio, e sim trabalhando intensamente, preparando cada detalhe para me mostrar o Seu agir e dizer que sempre está ao meu lado — colocando à mesa uma refeição feita com carinho para agradar meu paladar, apresentando pessoas para me ajudar com aquilo que eu estava precisando: uma explicação, uma simples conversa, uma ajuda. E isso aconteceu após esse "silêncio" que eu estava vivendo, passando por situações difíceis.

Nos últimos dias, fizemos uma viagem com meu sogro e sua irmã ao lugar onde nasceram, um reencontro com a história de suas vidas. Fomos ao Nordeste, região cercada de lutas, superações e vitórias. Lugar quente, como disse um parente: “...três sóis para cada um...”, onde a chuva demora a chegar para amenizar o calor. Um povo resiliente e acostumado às provações.

A recepção que tivemos foi, sem dúvida, o ponto alto — a melhor parte dessa viagem. Um povo acolhedor, que não mede esforços para agradar. A região é recheada de lugares únicos e característicos, que só encontramos na imensidão do Nordeste. Qualidades que completam esse passeio: parques, barragens, vistas panorâmicas da região serrana, que não podem faltar na sua seleção de lugares para conhecer. E já adianto: são lugares fantásticos, de tirar o fôlego. Ficar ali, admirando a criação de Deus... ouvindo o silêncio. Você já deve ter ficado parado, olhando para a imensidão daquela vista à sua frente, pensativo. Foi assim que ficou meu sogro. Quando perguntamos por que estava quieto, ele respondeu com os olhos marejados: “...estou lembrando...”

Vista Panorâmica da Região Serrana de Martins - RN

Histórias contadas a cada instante, os causos vividos por cada um deles eram a prosa em volta da mesa do café, de uma família abençoada, reunidos no quintal, degustando as Delícias do Trigo, ou embaixo do alpendre da casa do Seu Duca. As lembranças de 102 anos de muita história, recheadas de detalhes dos diversos momentos vividos — da preparação para a Segunda Guerra até a reforma das madeiras do telhado do mercado da cidade, e ainda o ato de ordenhar o leite da vaca Mimosa. Tudo com extrema lucidez e excelente memória. Sorriamos até com o olhar e nos emocionávamos com o coração. A beleza de Dona Neném sempre marcante com sua presença, agilidade e sabedoria.

O almoço também foi especial. Na barragem de Santa Cruz, conversamos com o dono da Peixaria Santa Cruz, igualmente acolhedor. Ele nos deu dicas de como entrar na piscina e tomar um banho no chafariz d’água da barragem. Mas, antes de ir para a água, se você gosta de peixe, não deixe de escolher o seu para o almoço, o nosso foi uma bela tilápia — frito ou cozido — que será preparado para quando voltar da piscina.

Como todo passeio, uma hora ele termina. E essa viagem foi tão intensa que, na hora da despedida, estávamos todos comentando sobre o tempo curto do passeio. A resposta para a pergunta “vocês gostaram de estar aqui?” veio nas lágrimas — as nossas e as deles. Foi a resposta de tudo que vivemos nesses sete dias.

A resposta do silêncio de Deus para mim foi algo extraordinário. Ele me mostrou, em cada detalhe, o mover que eu precisava — repleto de realizações, lugares, sonhos, paz e, principalmente, amor. Pronto.

Essa viagem, antes de acontecer, foi confirmada por Deus no coração de algumas pessoas. Ele nunca está em silêncio. “Pronto” — é a palavra que o povo da região diz quando você entende algo... e a conversa continua.

Das tradições nordestinas, culinária, cultura, do menino ao idoso, da menina ao adulto, o aconchego, a inteligência, o sorriso, da musica, o simpático, tapioca com coco, Cuscuz, feijão de corda, carne de sol, galinhada, forno a lenha...das Antônia, Helena, Neci, das pessoas dispostas a mostrar o melhor do lugar, e ainda aprender um pouco sobre as abelhas sobre a sua principal função, a polinização, um processo essencial para a reprodução de plantas, incluindo muitas culturas agrícolas, que garante a produção de frutos e sementes e a manutenção da biodiversidade do planeta, as abelhas simbolizam trabalho árduo, cooperação, prosperidade, conexão com Deus, e um lembrete da abundância e harmonia na natureza...em tudo isso se não tiver amor nada seria, cada qual com sua fé renovada.

Como disse Luiz Gonzaga na letra do forró pé de serra:

"Lá no meu pé de serra deixei ficar meu coração, Ai que saudade tenho eu vou voltar pro meu sertão, No meu roçado eu trabalhava todo dia, Mas no meu rancho tinha tudo que eu queria, Lá se plantava quase toda quinta-feira"

“Você já viveu um momento em que o silêncio falou mais alto? Compartilhe nos comentários — quero muito saber.”